Uma questão que sempre provoca muitas controvérsias diz respeito ao fato de as plantas "sentirem" ou não os estímulos provenientes do meio externo. Ninguém duvida que os animais efetivamente "sentem". Mas... E as plantas? Estudamos o sistema nervoso e , nele , nos detivemos demoradamente comentando sobre as áreas do córtex cerebral responsáveis pela "interpretação" dos estímulos que chegam a elas. Vimos que há um verdadeiro mapeamento do córtex cerebral . Em cada região dessa mapa , os neurônios ali existentes têm uma forma específica de reagir aos estímulos que a ela chegam. Assim, no centro da visão , os neurônios reagem e provocam no indivíduo a sensação de luz , isto é , de visão , qualquer que seja a forma de estímulo que chegue a esse centro. De fato, são os nervos ópticos (procedentes dos olhos) que terminam nesse ponto. Mas , se os nervos acústicos fossem transplantados para aquele centro , qualquer som seria percebido pelo indivíduo como uma "luz". Por isso mesmo, quando alguém recebe um soco no olho (mesmo em plena escuridão), vê um coruscar de luzes ou, como se diz , "vê estrelas". Como você pode deduzir , a capacidade que temos de distinguir diferentes estímulos que provêm do exterior , como luz , som , cheiro , gosto , percepções tácteis e de dor , decorre da existência , em nosso cérebro, de centros específicos que transformam os estímulos nervosos em "noção" de visão, de audição, de odor etc. Isso só acontece porque estruturas aperfeiçoadas existentes na periferia do nosso corpo recebem os estímulos externos; em seguida , nervos locais conduzem impulsos nervosos provocados por esses estímulos ao cérebro; e , finalmente , no cérebro , esses impulsos são "processados" (como dados em computador) , resultando na capacidade de distinguir percepções diversas. Para a percepção de qualquer dos cinco sentidos básicos , funcionam sempre três setores fundamentais:
-Receptores : São as estruturas ou órgãos especiais que recebem o estímulo exterior. Compreendem os olhos, os ouvidos , os corpúsculos sensoriais da pele e da língua , bem como as terminações nervosas livres da mucosa nasal. -Condutores: São os nervos (ópticos , olfativos, acústicos etc.) , que transmitem ao cérebro os impulsos nervosos nascidos do estímulo captado pelo receptor.
Transformadores : Compreendem as áreas específicas do córtex cerebral , cujos neurônios "interpretam" os impulsos nervosos como percepção de sentidos. Como todo sistema bem montado, podemos distinguir o que é luz do que é som, o que é gosto do que é cheiro, o que é tato suave do que é dor etc. Essa capacidade de distinguir estímulos ambientais de natureza diversa é o que chamamos de sensibilidade. Ora, os vegetais não dispõem de sistema nervoso ou qualquer outra variedade de estrutura orgânica e celular que lhes possa dar essa capacidade. Portanto, eles não sentem. Quando muito, realizam tropismos e tactismo, que decorrem da simples manifestação de irritabilidade celular. A irritabilidade celular é uma forma de resposta primitiva , sempre igual , independente da natureza do estímulo. Nós já vimos que as células meristemáticas reagem ao estímulo das auxilas intensificando ou diminuindo a sua reprodução e o seu alongamento. Desse estímulo e dessa resposta resultam as manifestações de fototropismo e geotropismo. Nos tropismos, há um crescimento orientado em função do fator estimulante externo. Entre bactérias e algas euglenóides , observamos reações à luz. As bactérias costumam fugir à luz. A Euglena Viridis , ao contrário, procura regiões iluminadas. Essas são manifestações de fototactismo (negativo para as bactérias , e positivo para a Euglena). No tactismo , há um deslocamento (locomoção) orientado. Se um organismo vegetal reagir a estímulos diferentes , o fará da mesma maneira , porque ele não distingue calor ou frio , som ou luz , tato ou dor. Reafirmamos, então, que os vegetais não sentem ; podem revelar tão somente alguma forma de irritabilidade celular.