Imagine um país mergulhado em uma grande crise econômica e financeira , derrotado, sentindo-se humilhado por outras nações e envolto em uma instabilidade política, em que as incertezas do mundo moderno, com a relativização dos valores morais , apontam poucas saídas para o problema. Nesse contexto , um líder falando às massas, como se fosse um sacerdote, promete um futuro brilhante à nação , com a superação das contradições sociais e a criação de uma nova ordem, na qual a população depurada assumiria o lugar mais alto. Propagandas e espetáculos minuciosamente organizados fortaleciam seus argumentos. Ressentimentos e preconceitos disseminados são mobilizados para a construção de uma pátria gloriosa. Como será que a maioria da população se comportaria diante dos meios utilizados para se chegar a esse fim, como as guerras, as práticas de segregação e extermínio e o brutal aviltamento da condição humana? A realidade é sempre mais complexa que nossas suposições. De qualquer forma , o contexto da primeira metade do século XX e seu desfecho trágico nos levam a refletir sobre nossos próprios valores e vícios , com a cobiça , individualismo e o preconceito , e se temos o direito de ser diferentes às situações sociais que estão à nossa volta. O período chamado por Eric Hobsbawm de "Era da Catástrofe" revelou atrocidades jamais vistas em outros períodos da história, algumas planejadas racionalmente. No entanto , antes de a maioria dos contemporâneos ter notícia de toda essa barbárie , em 1940, o gênio do cinema Charles Chaplin lançou o filme "O Grande Ditador", satirizando e , ao mesmo tempo, satirizando e , ao mesmo tempo, salientando a atuação dos líderes e regimes autoritários. Seu discurso final soa, ainda hoje, como um convite à esperança e à fé no futuro da humanidade. [...] Neste mundo há lugar para todos. A Terra, que é generosa e rica, pode abastecer todas as nossas necessidades. [...] a cobiça envenena a alma dos homens ... Levanta muralhas de ódio no mundo... Está fazendo avançar a miséria e a morte . [...] Não necessitamos de máquinas sem humanidade. Não necessitamos de inteligência sem amor e ternura. Sem estas virtudes tudo é violência e tudo se perde . [...] milhões de desesperados , homens , mulheres , crianças , vítimas de um sistema que tortura os humanos e encarcera os inocentes. [...] Onde estiveres, levanta os olhos ! Podes ver ? O Sol rompe as nuvens que se espalham! Saiamos da obscuridade e vamos à luz! Entremos em um mundo novo , em um mundo melhor, em que os seres humanos estejam acima da cobiça , do ódio , da hostilidade! [...].
